Tenho visto de anos pra cá declarações tórridas de amor que
me fazem pensar que sou um cavalo de pedra. Tudo bem, eu sei (sim, eu sei) que
se pode amar muito alguém, mas porra, amar feito louco esse alguém da noite
para o dia? Amar esse alguém e depois outro alguém e mais uns meses uma nova
paixão e depois um amor, uma decepção, e uma “agora verdadeira paixão”? Amores
de boca. Amores de ocasião. Amores anti solidão. Amor pra dizer que está feliz.
Amores de vingança, algumas dessas dignas de colégio e feitas por velhuscos. Amor
conveniente: Te dou isso e tu me dá aquilo (me paga/cede/ dou). Esse mais em
alta que nunca. Desses amores e desses apaixonados, alguns sentimentos, mas
deixo apenas minha clara vergonha alheia. Poderiam ao menos executar essa
várzea mais discretamente, mas não... Tem que ter plateia pra reforçar o
contrato. E a quilometragem roda e no fim... Amor é coisa séria. Ou já foi. Deixa
pra lá.
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