Dia desses, no Shopping Beiramar, em Florianópolis, eu e minha mulher encontramos uma menina que trabalhou com a gente no comecinho da nossa agência. Tudo bom pra lá, tudo bom pra cá, ela me disse que tinha feitos pós, depois mestrado e que agora trabalhava como gerente de t/i, sabe? Eu disse que legal, ela disse pois é, nos despedimos e perguntei à minha mu- lher que coisa é a tal de t/i que tá todo mundo falando. Ouço comerciais no rádio sobre t/i, mas não tenho a menor ideia do que seja.
Converso com o meu filho e ele me diz que tá pensando em mudar a plataforma dos equipamentos da agência. Plataforma pra mim é coisa de exploração de petróleo. Em todo o caso, digo a ele que ele é que sabe, que por mim tudo bem. Uma menina que trabalha comigo, em Florianópolis, se vira pra mim no meio da tarde e pergunta com naturalidade: “Qual dos dois lounges eu prefiro, o do Café de La Musique, em Jurerê Internacional, ou o da Confraria das Artes, na Lagoa?”. “O da Confraria das Artes, na Lagoa”, arrisco. “Por quê?”, ela me pergunta. E agora? Respondo, com naturalidade, que no lounge da Confraria das Artes me sinto mais à vontade. “Eu também”, diz ela, concordando comigo. Que diabos quer dizer esse tal de lounge?, penso. Preciso descobrir.
Essa mesma menina, dez minutos depois, se vira pra mim e diz “pô, Beto, não aguento mais spam”. Me sinto na obrigação de dizer alguma coisa, qualquer coisa. Penso com os meus botões que spam deve ser alguma sigla - quem sabe, sociedade de pais de alunos maristas, que ficam convidando a gente pra fazer retiros nos colégios nos fins de semana - e respondo: também não aguento mais os spams, eles acham que a gente não tem mais nada o que fazer?, e, pela cara dela, acho que acertei.
Outro companheiro de trabalho me pergunta se eu fiz backup da campa- nha. Como não quero parecer um homem da caverna, respondo na hora que não, não fiz backup. “Por quê?” “Acho melhor você fazer”, diz ele, “acho melhor você fazer, nunca se sabe”. Digo ok, vou fazer, e fico pensando que diabo é o tal de backup. Minha filha me liga de São Paulo e diz que tem uma boa notícia. Diz que comprou um loft nos Jardins. “Um loft?”, perguntou eu, surpreso. “Eh, pai, um loft. Uma gracinha.
Eu tava na dúvida se comprava um apartamento ou um loft, mas achei melhor comprar o loft”, continuou ela. “Claro, claro”, disse eu, “um loft é muito me- lhor que um apartamento. Se fosse eu, também teria comprado um loft”, arrematei. Depois de desligar, corri para o google e digitei lá: loft. Google, não sei se você sabe, é um treco, um troço, um negócio onde a gente bota uma palavra e aparece lá o que quer dizer a palavra. Mais ou menos por aí. Preciso de uma intérprete entre eu e o mundo. Urgente.
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