domingo, 30 de junho de 2013
Cinza
O dia nascera. No céu não tinha nuvens. O céu não era azul.
Era cinza metálico. Levantou e levou a boca uma xícara de café. Era fria e sem açúcar.
Botou a primeira roupa que viu. Estava amarrotada pelo tempo e suas batalhas.
Na rua que entrou avistou um cachorro. O
cachorro com cara de “lamento muito”, contrariando seu instinto amigo,
atravessou para o outro lado. Pessoas não via. No máximo sentia que algo passava por ele. Das
poucas que via... O padre ao vê-lo se benzeu. O pastor lhe direcionou a bíblia.
Andou mais um pouco e conseguiu ver mães e pais de cartazes na mão com a foto
de seus filhos desaparecidos. Eis que se aproxima de um desses e vê sua imagem.
Não sabia, mas houvera sumido. Já não existia mais na vida que escolhera
viver. Seguiu, viu uma frondosa árvore
e na sua sombra sentou. Vai ficar ali até entender o mundo, sua vida, suas penas
e seu futuro, caso ele exista. Acredita, mas desconfia.
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