terça-feira, 18 de junho de 2013
Duas Histórias
Homem senta num bar ao lado de um velhinho que lhe parece
familiar. O velhinho está um caco, mas mesmo assim, aquele bigodinho, aqueles
olhos... - Desculpe, mas você não é o Adolf Hitler? - Sou. - Pensei que você
tivesse... - Todo mundo pensou. Continuo vivo. - Aposto que você vive cheio de
remorso pelo que fez. - Que foi que eu fiz? - Mas como? E os seis milhões de
judeus que mandou matar? - Ach,eles. Já tinha me esquecido. - Quer dizer que se
fosse começar outra vez, hoje, você faria a mesma coisa? - Não. Mandava matar
seis milhões de judeus e dois acrobatas. - Por que dois acrobatas? - Viu como
você esqueceu os judeus? “A tática, ajustada às devidas proporções, tem sido
muito usada por aqui. Quando um assunto ameaça a se tornar um escândalo, ou
quando um escândalo ameaça se tornar assunto, acrescente, rápido, dois
acrobatas. Os acrobatas passam a ser o assunto. E os acrobatas não têm falhado
muito, ultimamente, neste país de distraídos. Sua última aparição foi no caso
do Eduardo Jorge. Lembra dele? Eduardo Jorge, aquele que era secretário
particular do... O patriciado brasileiro sobrevive porque dominou a arte de
mudar de assunto.” (Luis Fernando Verissimo)
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