domingo, 7 de abril de 2013
A Crítica
“Convidado a fazer
uma preleção sobre a crítica, o conferencista compareceu ante o auditório
superlotado, sobraçando pequeno fardo. Após cumprimentar os presentes, retirou
os livros e a jarra de água de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca.
Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas
que trouxera no embrulho, várias dúzias de flores colhidas de corbelhas
próximas. Logo após, apanhou da sacola diversos objetos de inexprimível beleza,
representando motivos edificantes, e enfileirou-os com graça. Em seguida,
situou na mesa um exemplar da Bíblia Sagrada em capa dourada. Depois, com o
assombro de todos, colocou uma pequenina lagartixa num frasco de vidro. Só
então comandou a palavra, perguntando: - Que vedes aqui, prezados Senhores? E a
assembléia respondeu, em vozes discordantes: - Um bicho! - Um lagarto horrível!
– Uma larva! - Um pequeno monstro! Esgotados breves momentos de expectação, o
pregador considerou: - Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos!
Não enxergastes o forro de seda lirial, nem as flores, nem as pérolas, nem as
preciosidades, nem a Bíblia Sagrada, nem a luz faiscante que acendi. - Vistes
apenas a diminuta lagartixa. E concluiu: - Nada mais tenho a dizer.”(S.C.A)
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