quarta-feira, 3 de abril de 2013
Um dedim de Erasmo Carlos
"Só conheci meu pai aos 23 anos. Me diziam que ele tinha
morrido antes de eu nascer. Era delegado de polícia, em Salvador. Minha mãe foi
pai e mãe. Ela morreu faz alguns anos. Quando fiquei famoso, ele me viu na
televisão e veio me procurar. Não aprendi a sentir amor por meu pai, embora ele
me cobrasse esse afeto. Eu escapei de ir para o crime porque a música me tirou
dessa. A minha vida era de pobre, origem barra-pesada. O rock me aceitou, a
bossa nova não, era coisa de rico. Eu e Roberto Carlos não tínhamos acesso,
éramos de periferia. O rock era um movimento popular. Nossa contribuição na
luta contra a ditadura foi lutar pela liberdade sexual e usar o cabelo
comprido. Nosso desejo de liberdade transparecia, tanto que também fomos
perseguidos pela ditadura."
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