terça-feira, 21 de maio de 2013
O Caso do Espelho
“Era um homem que não
sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da
mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um
espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos.
Depois gritou, com o espelho nas mãos: – Mas o que é que esse retrato de meu
pai está fazendo aqui? – Isso é um espelho – explicou o dono da loja. – Não sei
se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem
ficaram molhados. – O senhor. . . conheceu o meu pai? – perguntou ele ao
comerciante. – O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era somente um
espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira. – É não! – Respondeu o
outro. – Isso é o retrato de meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a
testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito? – O homem quis
saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele
dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou,
cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só
olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o
quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um
passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida,
guardou o espelho, olhou e deu um passo atrás, fez o sinal da cruz e saiu
chorando. – Ah, meu Deus! – gritava ela desnorteada. – É o retrato de outra
mulher! Meu marido não gosta mais de mim!” (desconheço autor)
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