quarta-feira, 8 de maio de 2013
Como encontrei PC Farias
“Esse julgamento dos seguranças de PC Farias me faz voltar à
pele do jovem e farejador repórter que, por acaso, outrora fui. Digo por acaso
porque todos os meus ditos furos, inclusive o de revelar o paradeiro do então
inimigo público número 1 da nação, devo ao acaso. Melhor: devo a uma cachaça
–marca Divininha- com caldinho de sururu. Uma cachaça e espumas flutuantes,
obviamente, em um boteco da praia de Guaxuma. Foi lá que ouvi, de uma
profundíssima garganta, que o tesoureiro do Collor estaria em London London. Corri
para confirmar com minhas fontes na família Farias e arredores. Batata.
Publiquei um dia antes da TV Globo soltar a notícia e voei para comemorar com
as moças do Coquetel Drinks, a boate azul de uma Maceió inesquecível dos anos
90 –sim, eu praticamente morava nesse agradável parque de diversões adultas,
embora a Folha me pagasse o velho Othon da Pajuçara. Por acaso as moças da
boate sabiam tudo sobre a vida pública e a vida privada da República de
Alagoas. Por acaso, só para variar, eu estava no lugar certo. Dias depois
encontraria PC no porão de uma cadeia em Bancoc, Tailândia, para onde fugira o
chefão. Como encontro minha velha fonte? Simples: mais uma vez fui guiado pela
mão do acaso. Minto: pela mão de uma massagista tailandesa, a mesma mão que
havia me levado ao nirvana. E quem matou PC Farias?, perguntaria o amigo. Se
soubesse tinha publicado à época neste mesmo jornal que me paga as contas. O
que estranho, porém, desde aquele tempo é que em nenhum momento tenha sido
ouvido o PIB que negociava com a vítima. Não se levou em conta a sabedoria
americana de seguir o caminho do dinheiro. Ou pelo menos decifrar a agenda de
encontros de PC com os maiores empresários do país. Deixa quieto. Só queria me
exibir um pouco com meu passado de repórter e rapaz sério. E, quem sabe, por
acaso, reencontrar um amor que eu tive no Coquetel Drinks.” (Xico Sá)
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