segunda-feira, 22 de julho de 2013
Não Leve Flores
“Não cante vitória
muito cedo, não. Nem leve flores para a cova do inimigo, que as lágrimas do
jovem são fortes como um segredo: podem fazer renascer um mal antigo. Tudo
poderia ter mudado, sim, pelo trabalho que fizemos - tu e eu. Mas o dinheiro é
cruel e um vento forte levou os amigos para longe das conversas, dos cafés e
dos abrigos, e nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não. Palavra e som
são meus caminhos pra ser livre, e eu sigo, sim. Faço o destino com o suor de
minha mão. Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa e não deixei
meu cigarro se apagar pela tristeza. - Sempre é dia de ironia no meu coração.
Tenho falado à minha garota: - Meu bem, é difícil saber o que acontecerá. Mas
eu agradeço ao tempo. O inimigo eu já conheço. Sei seu nome, sei seu rosto,
residência e endereço. A voz resiste. A fala insiste: você me ouvirá. A voz
resiste. A fala insiste: quem viver verá.” (Belchior)
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