quarta-feira, 17 de julho de 2013
Quando Eu Morri
“Quando eu morri em dezembro de mil novecentos e setenta e
dois... Esperava ressuscitar e juntar os pedaços da minha cabeça um tempo
depois. Um psiquiatra disse que eu
forçasse a barra e me esforçasse pra voltar à vida... E eu parei de tomar ácido
licérgico e fiquei quieto, lambendo minha própria ferida. Sem saber se era
crime ou castigo e se havia outro cordão no meu umbigo pra de novo arrebentar,
pois eu fui puxado à ferro, arrancado do útero materno e apanhei pra poder chorar.
Quando eu morri suando frio vi Jimmy Hendrix tocando nuvens distorcidas, eu nem
consegui falar... E depois por um momento o céu virou fragmento do inferno em
que eu tive de entrar. Eu sentia tanto medo, só queria dormir cedo pra noite
passar depressa e não poder me agarrar. Noites de garras de aço me cortavam em
mil pedaços e no outro dia eu tinha de me remendar. E se a vida pede a morte talvez
seja muita sorte eu ainda estar aqui... E a cada beijo do desejo eu me entorpeço e
me esqueço... De tudo que eu ainda não entendi.” (Marcelo Nova)
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