Anos atrás estava em casa depois do almoço pronto para trabalhar. Então ouviu gritos que vinham da parte de fora da casa. Era minha mãe berrando, pois meu pai estava enfartando.
Adrenalina com senso de defesa do que mais importa me deu uma força inimaginável. Botei no carro e parti para o hospital. Eram cerca de 7 km, mas que em meio ao transito de meio dia e com meu pai morrendo ao lado pareciam sem fim.
Durante o trajeto olhava pra ele se debatendo e com medo literalmente mortal de perder aquilo que perante as mediocridades do dia a dia esquecemos que é a vida. Pedia para entrar contramão. Segui no meu caminho mesmo com apelos e cheguei lá.
Atendimento rápido lhe deu oportunidade de ficar mais um tempo aqui, mas a saga não tinha acabado. Fez uma operação para colocação de pontes de safena. Debilitado teve parada cardíaca, foi reanimado, voltou, mas em coma. Começaram os 15 dias de UTI que pareciam anos.
Dias angustiantes sem reação. Visitas duas ao dia de poucos minutos. Sofria por não tê-lo amado de forma clara. Cobrava-me por ter sido tão burro e não aproveitado a pessoa sensacional que era meu pai. No sétimo dia calculei os tramites do velório. No decimo ele acordou. Quando me viu, mesmo entubado sorriu.
Lição: 1-Perdemos tempo com problemas pequenos. 2- Não damos o devido valor para os que merecem. 3- Não temos noção clara da nossa vulnerabilidade. 4-Com a morte perto aprendemos o que é vida. 5-Nem tudo que parece perdido de fato está.
Hoje meu pai está bem. Já haviam desacreditado, mas ele forte que é achou que não era o momento e voltou. E creio que essa volta é pra ver e viver algo maior com nós.
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