domingo, 24 de março de 2013
Clássicos&Coragem
Quando criança sentia a felicidade em coisas que agora vistas com olhos
de um pobre adulto parecem nada. Cresci jogando bola nas ruas e tínhamos
nosso “campinho”. Isso mesmo, o campinho que tinha o nome de campo da páscoa. Era nossa casa. Nosso
caldeirão. Jogávamos mais entre nós. Brigávamos muito, mas era divertido. Era mais novo que a raça, cresci já tendo que correr mais que
os outros. Tínhamos um clássico com o time do Hulhacap, vulgo pombal.
Ânimos acirrados e pés descalços correndo atrás da bola como se fosse
final de copa do mundo. Detestava perder, pois é, começou lá (hoje mais tranquilo). Nesse
mesmo campo me senti pela primeira vez acima do bem e do mal. Fizemos um
jogo em que meu time vestia a camisa do Flamengo. Não era um jogo de
camisas e sim ajuntamento. Do outro lado camisas do Grêmio. Aquilo
nos meus olhos de menino parecia mágico e de fato foi, tanto que não
esqueci. Lá no nosso campinho foi também onde dei o primeiro “corridão”
em alguém. Na verdade um blefe, pois era maior que eu, mas como vinha
sendo muito judiado resolvi reagir. Ele vendo aquilo correu sem
entender. Naquele dia desafiei meu medo pela primeira vez e fui embora
de peito estufado. Tenho muitas lembranças da infância saudável e livre.
Momentos pontuais de felicidade e pequenas vitórias que não esquecerei
jamais. Situações que ajudaram moldar meu caráter e senso de luta. Era
único e nem por isso cresci na barra da saia. Saudades de ti minha
infância.... E também agradecimentos por ter me feito assim, meio torto como sou.
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