quinta-feira, 21 de março de 2013
Meu Nono era Pop
Meu Nono desde cedo era um italiano diferente. Italiano sim,
pois chegou com três anos de idade ao Brasil. Italiano, mas mais brasileiro que
muito brasileiro. Maioria queria saber de era de terra. Veja como “taliano”
gosta de terra: Na frente de casa ate esses dias havia um belo lote vazio. O
cara não vendia. Vez em quando parava o carro e ficava um tempo olhando para
aquilo como se fosse alguém amado da família. Voltando ao meu Nono conto umas
duas dele: No exército não era feliz. Gostava da rua. Gaita. Bocha... Essas coisas.
Nem sei se era bem certo, mas era humano ao extremo e fez essas. Na primeira proeza saiu com o cavalo do
Coronel e voltou quatro dias depois: cana nele. Já desconfiaram da sua sanidade.
Foram então fazer um asfalto. Meu Nono contam os antigos que gostava de gente
negra (coisa rara para um italiano da época) e vendo todo aquele piche resolveu
se parecer com um e deixou clara sua loucura. Pintou-se totalmente com
o produto. Há quem ainda viva e conte o fato. Uma semana pra tirar aquilo tudo.
Conclusão: Foi aposentado como louco e foi viver sua vida plantando café numa terrinha
que tinha, sem pensar em comprar mais terras, tocando gaita, comendo polenta, minestra,
salame. Bebendo, rindo. Querido por todos. Faleceu atropelado em uma brincadeira
em que o cara do caminhão fez que botou nele e no tirar ficou a parte traseira.
Estava indo buscar espetos para o churrasco na cancha. Estava numa festa. Saudades
de uma alma pura e sem ganancia que só queria viver e servir. Bebia e voltava
para casa cantando: "Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica?
Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior... Em tempo: Diário Oficial da União (DOU) de 05/04/1943CONCEDER REFORMA:
Ao Soldado Primo Luiz Biff, do 32.° Batalhão de Caçadores, com os vencimentos
da ativid ·n, de acordo com o disposto no art. 215, letra d, do decreto-lei n.
2.186, de 13 de maio de 1940, visto ter sido julgado incapaz, definitivamente,
para o serviço do Exército.
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